03/03/2021 – 10 min – Por Amanda Viegas
O ensino de inglês nas escolas vem sendo cada vez mais presente, sobretudo depois de ser previsto pelo Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O idioma foi escolhido pela BNCC pelo seu caráter de comunicação internacional. A língua inglesa é a que possui mais influência e relevância dentre todas as faladas ao redor do mundo. Devido a isso, existe uma grande importância no que diz respeito ao aprendizado do inglês durante a vida escolar dos alunos.
Preparamos este artigo com o intuito de abordar as principais questões relacionadas ao ensino de inglês de acordo com o documento da Base. Confira!
Conheça a Base Nacional Comum Curricular
A Base Nacional Comum Curricular ou BNCC é um documento normativo que visa a orientar as escolas na elaboração dos seus currículos escolares, almejando um ensino mais equivalente em todo o país.
A BNCC contempla uma série de aprendizados considerados essenciais para os alunos longo da jornada na Educação Básica. Vale ressaltar que a Base não é uma estrutura fixa ou o currículo pronto, mas sim diretrizes para guiar as instituições nesse processo. É preciso que cada uma delas construa os seus currículos considerando suas particularidades e necessidades.
A língua inglesa na BNCC
Em relação ao aprendizado da língua inglesa, foi definido pela BNCC que o ensino do idioma é obrigatório a partir do Anos Finais do Ensino Fundamental. Isso quer dizer que em qualquer escola do país, a partir desta etapa escolar, deve constar na sua grade o ensino do inglês.
Como foi visto, a Base prevê o ensino do inglês apenas a partir do 6º ano do Ensino Fundamental. Apesar disso, a escola não precisa necessariamente iniciar a introdução desse idioma apenas lá na frente. Na verdade, o ideal é que desde os Anos Iniciais haja na sua grade curricular reflexões a respeito do “estrangeiro”. Vale ressaltar que, na verdade, existem muitos estudos que mostram os benefícios do ensino do inglês nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Por que o inglês?
De acordo com o documento, a justificativa pela escolha do inglês, e não de outro idioma, está relacionada com o seu papel na comunicação mundial. A língua é vista como franca e é utilizada por falantes espalhados por todo o mundo, com diferentes repertórios culturais e linguísticos.
A proposta da BNCC é que o aprendizado do inglês seja realizado da mesma forma que o português. Isso quer dizer que a língua inglesa deve ser aprendida por meio de práticas linguísticas cotidianas, discursivas e da reflexão sobre elas. Desse modo, os alunos conseguem desenvolver uma autonomia no uso comunicativo no idioma nativo e do estrangeiro. A explicação que a Base apresenta para a escolha desse idioma é:
“Aprender a língua inglesa propicia a criação de novas formas de engajamento e participação dos alunos em um mundo social cada vez mais globalizado e plural, em que as fronteiras entre países e interesses pessoais, locais, regionais, nacionais e transnacionais estão cada vez mais difusas e contraditórias. Assim, o estudo da língua inglesa pode possibilitar a todos o acesso aos saberes linguísticos necessários para engajamento e participação, contribuindo para o agenciamento crítico dos estudantes e para o exercício da cidadania ativa, além de ampliar as possibilidades de interação e mobilidade, abrindo novos percursos de construção de conhecimentos e de continuidade nos estudos. É esse caráter formativo que inscreve a aprendizagem de inglês em uma perspectiva de educação linguística, consciente e crítica, na qual as dimensões pedagógicas e políticas estão intrinsecamente ligadas” – página 241 da BNCC.
As competências e habilidades
A Base se divide em competências e habilidades que todo estudante deve desenvolver ao longo de toda a Educação Básica. As definições dos conceitos são apresentadas no próprio documento como:
“Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.”
“As habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares.”
Na prática, as “competências” estão relacionadas com a qualidade de apreciar e resolver uma situação problema, ou seja, a capacidade de se mobilizar recursos para solucionar determinado desafio, é o saber-conhecer ou saber-saber. Já em relação às habilidades, elas podem ser conceituadas como a aplicabilidade de alguma competência, ou seja, saber-fazer.
Todo o processo de construção do conhecimento do estudante é guiado através das competências e habilidades. Levando isso para o dia a dia escolar, o professor ao lecionar determinado conteúdo está tornado o aluno competente (saber-saber). Ao aplicar esse aprendizado em situações problema, como por exemplo por meio da resolução de questões, o aluno desenvolve a habilidade, o saber-fazer.
Competências específicas da Língua Inglesa
Além das competências gerais que são estipuladas para todos os alunos da Educação Básica, têm as competências específicas que são aquelas ligadas a cada área do conhecimento. O componente curricular da Língua Inglesa deve garantir aos alunos o desenvolvimento de 6 competências:
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA INGLESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
1. Identificar o lugar de si e o do outro em um mundo plurilíngue e multicultural, refletindo, criticamente, sobre como a aprendizagem da língua inglesa contribui para a inserção dos sujeitos no mundo globalizado, inclusive no que concerne ao mundo do trabalho.
2. Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado de linguagens em mídias impressas ou digitais, reconhecendo-a como ferramenta de acesso ao conhecimento, de ampliação das perspectivas e de possibilidades para a compreensão dos valores e interesses de outras culturas e para o exercício do protagonismo social.
3. Identificar similaridades e diferenças entre a língua inglesa e a língua materna/outras línguas, articulando-as a aspectos sociais, culturais e identitários, em uma relação intrínseca entre língua, cultura e identidade.
4. Elaborar repertórios linguístico-discursivos da língua inglesa, usados em diferentes países e por grupos sociais distintos dentro de um mesmo país, de modo a reconhecer a diversidade linguística como direito e valorizar os usos heterogêneos, híbridos e multimodais emergentes nas sociedades contemporâneas.
5. Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável.
6. Conhecer diferentes patrimônios culturais, materiais e imateriais, difundidos na língua inglesa, com vistas ao exercício da fruição e da ampliação de perspectivas no contato com diferentes manifestações artístico-culturais.
Habilidades (objetivos de aprendizagem) para os Anos Finais
No documento há tabelas com as habilidades para cada ano da escolaridade. O objetivo é guiar tanto os docentes quanto a escola para a construção de seus currículos, adequando-os às realidades locais.
“A BNCC de Língua Inglesa para o Ensino Fundamental – Anos Finais está organizada por eixos, unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades. As unidades temáticas, em sua grande maioria, repetem-se e são ampliadas as habilidades a elas correspondentes. Para cada unidade temática, foram selecionados objetos de conhecimento e habilidades a ser enfatizados em cada ano de escolaridade (6º, 7º, 8º e 9º anos), servindo de referência para a construção dos currículos e planejamentos de ensino, que devem ser complementados e/ou redimensionados conforme as especificidades dos contextos locais.” – Trecho retirado do documento oficial da Base Nacional Comum Curricular.
Em relação aos eixos supracitados, o intuito do documento para o aprendizado do inglês é de que esse processo ocorra de maneira natural e para isso são estipulados cinco eixos:
Oralidade: tem como foco a compreensão e a produção oral, a fala e a escuta, visando sempre a construção de significados entre os falantes.
Leitura: envolve a interpretação e compreensão dos diversos gêneros textuais presente na língua inglesa.
Escrita: tem como objetivo o desenvolvimento nos estudantes de uma escrita autoral, autêntica, criativa e autônoma.
Conhecimentos linguísticos: é a prática de utilizar, compreender e refletir acerca da língua inglesa, buscando articular suas esferas da oralidade, escrita e leitura.
Dimensão Intercultural: está relacionado com o entendimento do contínuo processo de interação cultural em uma realidade contemporânea e interligada.
Como construir um plano de aula de inglês de acordo com a BNCC?
O principal objetivo da BNCC é guiar as escolas na construção do currículo escolar, estabelecendo os aprendizados essenciais que todos alunos devem ter acesso durante a educação básica. Veja o que o documento diz a respeito da área da linguagem:
“O objetivo norteador (…) é garantir a todos os alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para a participação social e o exercício da cidadania, pois é por meio da língua que o ser humano pensa, comunica-se, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo e produz conhecimento.” – Base Nacional Comum Curricular
Sendo assim, Para a construção de um plano de aula de inglês de acordo com a BNCC é importante que sejam seguidas as diretrizes propostas para cada etapa escolar. No documento são disponibilizadas tabelas que podem facilitar bastante essa etapa.
Um ponto inicial que pode ajudar também na elaboração de planos de aulas é a ampliação do repertório dentro do idioma. O docente deve aumentar seu contato com a produção científica, acadêmica, cultural e social da língua inglesa. Isso pode facilitar até mesmo na contextualização e indicações de materiais para os alunos no decorrer das aulas.
A Base propõe o ensino do inglês focado no uso e nas práticas de linguagem. Com isso, é importante definir quais são os objetivos do plano de aula e o uso, nos eixos da oralidade, leitura e escrita. Ao seguir o documento, o docente vai perceber que as aulas relacionam o conteúdo com a prática, dando um contexto para tal aprendizado.
O ensino do inglês não está mais relacionado com os conhecimentos nominais, mas sim na sua capacidade de uso. O importante é que a escola adeque os planos de aula de acordo com as propostas da BNCC, mas levando em consideração a sua metodologia, identidade e realidade.
A formação de professores de língua inglesa e a BNCC
A Base Nacional Comum Curricular possui uma função bastante importante no que diz respeito a uma formação integral dos alunos. Ao construir os currículos escolares seguindo suas diretrizes, a escola está contribuindo na preparação dos estudantes para as competências exigidas no século XXI. Contudo, para que a Base seja colocada em prática, é necessário que a instituição de ensino adeque o seu processo de ensino-aprendizagem e até mesmo prepare o corpo docente.
Em relação à formação de professores de língua inglesa, é importante que a escola invista na formação continuada e treinamentos para os docentes. Dessa forma, os professores, além de se tornarem cada vez mais capacitados, estão aptos a contemplar as propostas da BNCC.
Pensando na relevância de se entender sobre a Base Nacional Comum Curricular, preparamos um material sobre a temática. Baixe-o gratuitamente: